Falar sobre a história do Jiu-Jitsu é complicado,
já que muito se defende sobre sua origem indiana, bem como pelo marketing
empregado para declarar-se como a arte de onde se originou todas as demais.
Para falarmos da origem de todas as artes marciais
precisaremos inevitavelmente nos transportar para a Índia.
Formas de autodefesa são, provavelmente, tão
antigas quanto a raça humana. Estudiosos no assunto entendem que os atuais
estilos marciais derivam de estilos mais antigos que tiveram suas raízes mais
remotas no século V e VI antes de Cristo, quando se encontram os primeiros
indícios de lutas na Índia.
Começou, através do príncipe indiano Siddhartha
Gautama, mais conhecido como Sakiamundi, ou simplesmente como “O Buda”, que
observando os movimentos dos animais criou um complexo sistema de exercícios
que tanto favoreciam a saúde do corpo, como também serviam de auto-defesa
contra possíveis mal-feitores. Este sistema ficou conhecido como Vajramushti e
foi ensinado aos seus discípulos.
Mais tarde, quando o budismo já era amplamente
difundido na índia, seu 28º patriarca – Bodhidharma – deixou o oeste da Índia,
e atravessando as montanhas do Himalaia, cruzando rios e regiões completamente
selvagens, chegou à China com o propósito de tornar conhecidos os textos do
budismo.
À época, as estradas entre China e Índia,
praticamente inexistiam, e as dificuldades a vencer eram imensas, donde se pode
imaginar a grande força física e espiritual de Bodhidharma necessárias para
superar os milhares de quilômetros da viagem.
Anos mais tarde chegou ele até o templo Shaolin
(Shorin-ji), na província de Hunan para falar sobre o budismo a um grande
número de discípulos. A lenda conta que quando ele chegou encontrou os monges
do Templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles
passavam imóveis durante a meditação, que Bodhidarma imediatamente se preocupou
em melhorar a saúde destes.
O que Bodhidarma ensinou foi uma combinação
exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos. Seus
treinamentos eram intelectualmente muito rigorosos, o que deixava seus alunos
prostrados de exaustão face à grande concentração que a Teologia exige.
Bodhidarma, então, diante disso, criou um método de
desenvolvimento físico e mental, dizendo:
“Mesmo que tenha Buda pregado para a alma, o corpo
e a alma são inseparáveis. Tenho notado que não estais conseguindo
aperfeiçoamento em vossos treinamentos por causa da exaustão física. Por essa
razão, dar-vos-ei um método com o qual podereis desenvolver vossa força física,
capaz de fazer-vos captara essência das palavras de Buda”.
O método que ele ensinou está descrito no Ekkin-Kyo
(Ekkin-Sutra). Com ele os monges puderam desenvolver-se física e
espiritualmente, e conta-se que esses monges do templo Shaolin ficaram
conhecidos em toda a China por sua grande força e coragem.
Historicamente os registros nos dão conhecimento da
existência de dois templos Shaolin. O primeiro estava localizado na província
de Hunan, no monte Su, e servia a Dinastia Ming. Após a destruição deste, em
uma guerra contra os Manchus, os monges sobreviventes rumaram para Fukien, onde
construíram um novo mosteiro Shaolin e por causa da geografia do local,
desenvolveram novas técnicas, se adaptando ao solo.
Algumas lendas falam que por volta do século XVII,
um homem chamado Chen Yuan Ping levou suas técnicas da China para o Japão. Três
Ronin foram inspirados pelos ensinamentos dele e desenvolveram estilos próprios
que foram chamados de jujutsu. Seus nomes eram Fukuno Hichuroemon, Isogai
Jirozaemon e Miura Yojiemon; outra fala de um médico japonês que em visita a
China aprendeu um estilo marcial, seu nome era Akiyama Shirobei, de Nagasaki, e
o estilo que ele aprendeu na China era o Hakuda.
Dessas experiências surgiram diversas escolas
marciais, cada qual com seu nome e formas, mas que utilizavam o termo genérico
de jujutsu. Importante observar que existiram muitas escolas com técnicas bem
diferentes que compartilhavam do termo jujutsu, e outras que tinham técnicas
semelhantes, mas que utilizavam nomes bem diferentes; Aikijitsu, Tai Jitsu,
Yawara, Kempô, e mesmo o termo Jujutsu se dividia entre estilos como: Kito ryu,
Shito Ryu, Tejin e outros.
É nesta época, na qual a forte divisão da classe social
japonesa enaltecia a nobreza dos Samurais, que o Jujutsu se desenvolveu a
fundo. Os nipônicos aperfeiçoaram a arte de lutar, onde poderiam decidir a vida
ou a morte de um guerreiro em disputa. Era então o Jujutsu, uma prática
obrigatória aos jovens que futuramente seriam “Samurais” ao lado da esgrima,
literatura, pintura, cavalaria e outros.
Assim, jujutsu não pode ser encarado como o nome de
uma arte marcial especifica, mas de um gênero de luta. Aliás, historicamente
muitas artes marciais que hoje utilizam o termo Dô, já utilizaram o termo Jutsu
(Aikijutsu – Aikido, Karatê-Jutsu – Karatê-Dô, Jujutsu – Judô).
E é exatamente aqui que a história começa a se
tornar mais clara. Quando o Mestre Jigoro Kano resolveu criar sua escola de
Jujutsu, utilizou o termo Dô ao invés de Jutsu.
Ju = Suave
Jutsu = Arte
JuJutsu (Arte Suave)
Jutsu = Arte
JuJutsu (Arte Suave)
Ju = Suave
Dô = Caminho
Judô (Caminho Suave)
Dô = Caminho
Judô (Caminho Suave)
Isto porque o Japão passava por transformações
sociais muito grandes. Então, devido a proibições impostas pelo governo
japonês, na era Meiji, de prática das antigas artes marciais jutsu, seus
praticantes mais proeminentes passaram a desenvolver métodos menos letais, nos
quais deixavam de ser artes da guerra para verdadeiros caminhos filosóficos de
autoconhecimento.
Muitos dos praticantes que estão lendo este artigo,
podem estar se perguntando porque estamos falando do Judô. É simples; ao
contrário do que se defende, o Jiu-Jitsu brasileiro não tem sua origem direta
na Índia ou China, mas no Japão, já que é uma arte extremante contemporânea, derivada
da escola de Kano.
Acontece que o Judô deriva da escola primitiva do
Jujutsu, enquanto o Jiu-Jitsu praticado no Brasil deriva do Judô desenvolvido
por Jigoro Kano em sua escola Kodokan.
E isso é fácil de explicar. Mitsuyo Maeda – O Conde
Koma – foi um proeminente aluno da Kodokan, a quem foi dada a árdua missão de
divulgar e difundir o Judô no mundo.
Após vários anos desenvolvendo o Judô no mundo,
Maeda se estabeleceu no Brasil, e por um erro ou jogada de marketing o nome
Jiu-Jitsu foi adotado, ao invés do Judô.
Alguns teóricos no assunto arriscam dizer que isso
se deu devido ao fato de que Mitsuyo Maeda estava participando de demonstrações
públicas de Judô, aceitando desafios de outros lutadores, o que iria de
encontro aos princípios da Kodokan.
Entretanto, não podemos deixar de registrar que
Mitsuyo Maeda, talvez, tenha sido o maior divulgador do Judô no mundo. E,
assim, sendo é interessante citarmos que, mesmo sendo Maeda originário da
Kodokan e, portanto, do Judô, naquela época, em que iniciou sua escola – em
Belém do Pará – por volta de 1917, o termo Jujutsu, ou Jiu-Jitsu era mais
conhecido que o Judô. Tanto é assim, que a família Gracie, coerente com essa
realidade, continua fiel a esta nomenclatura, para definir o estilo que eles
desenvolveram através das técnicas ensinadas por Maeda.
Então, dizer que o Jiu-Jitsu brasileiro é uma arte
marcial nascida na Índia é um erro, e ao mesmo tempo não deixa de ser verdade.
A questão aqui é deixar claro em que termos ela
nasceu na Índia e onde podemos afirmar ser uma arte marcial brasileira derivada
dos estilos japoneses de Budô.
Concluindo, entendemos que, como todos os estilos
marciais orientais ou aqueles que derivam do oriente, ele realmente tem suas
raízes mais remotas na Índia. Porém, em se tratando de um Budô Moderno (Criado
à partir da era Meiji -1868/1912), sua origem não é outra, senão o Japão, mais
precisamente na escola de Jigoro Kano – Judô Kodokan.
A confusão no nome da arte ensinada por Maeda é
fácil de explicar; embora todos os esforços dos inúmeros Mestres Japoneses que
resolveram difundir suas escolas no mundo, tanto o Judô, quanto o Jiu-Jitsu
eram desconhecidos na região Norte do Brasil, sendo fácil confundir os dois
estilos.
O segundo fato é a origem do Judô, que fora
estruturado nos estilos do Jujutsu Kito Ryu, Sekiguti Ryu, Tenjin Ryu e
Jikishin Ryu e, portanto, sem ter diferenças nos seus fundamentos.
Hoje, porém, cada arte tomou um caminho diferente e
se desenvolveu com critérios totalmente próprios distanciando-se uma da outra,
não havendo mais razões para confundi-las.
Portanto, por uma questão meritória, entendemos que
todos os praticantes de Jiu-Jitsu deveriam render homenagens não só aos Gracie
pela grande evolução de suas técnicas, mas a Mitsuyo Maeda pela sua coragem e
sabedoria e ao Mestre Jigoro Kano, por ter nos legado tão maravilhosa arte, da
qual hoje existem não só dois estilos (Judô e Jiu-Jitsu), mas tantos outros
espalhados no mundo.
*texto Instituto Ishindo
*texto Instituto Ishindo
A INTRODUÇÃO NO
BRASIL
Carlos Gracie, que fora treinado por Mitsuyo Maeda
(Conde Koma) passa pôr Minas Gerais e em Belo Horizonte ministra algumas aulas
num hotel da região. Em seguida vem para São Paulo e no bairro das Perdizes
monta uma academia. Sem o sucesso desejado se instala no Rio de Janeiro e na
Capital começa a ensinar, e também a seus irmãos: George, Gastão, Hélio e
Oswaldo.
Hélio Gracie passa a ser o grande nome e difusor do
Jiu-Jitsu. Já instalado no Rio, forma inúmeros discípulos. George Gracie foi um
desbravador, viajou por todo o Brasil, no entanto, estimulou muito o Jiu-Jitsu
em São Paulo, tendo como alunos: Otávio de Almeida, Nahum Rabay, Candoca,
Osvaldo Carnivalle , Romeu Bertho e muitos outros. Alguns continuam na ativa.
No Rio de Janeiro mais especificadamente na zona
oeste, o mestre “Fada” foi notoriamente um dos baluartes do Jiu-Jitsu, tendo
grande número de formados. Enquanto isso, na mesma época de Mitsuyo Maeda,
outros japoneses continuaram difundindo o Jiu-Jitsu. “Geo Omori” por exemplo,
aceitava desafios no picadeiro do circo “queirolhos” e foi ele também quem
fundou a primeira Academia do Brasil, em São Paulo no Frontão do Braz na Rua:
Rangel Pestana , no ano de 1925 ( Segundo o historiador Inezil Penna). Os
irmãos Ono vieram ao Brasil na década de 30 advindos de um renomado mestre de
Jiu-Jitsu do Japão.
Aqui no Brasil formaram muitos alunos, mas acabaram
por adotar a prática do Judô. Takeo Yuano muito conceituado por sua exímia
técnica, viajou por todo o Brasil e ensinou Jiu-Jitsu em cidades como São Paulo
e principalmente em Minas Gerais, onde lecionou e até estimulou a criação da
Federação local.
NO RIO DE JANEIRO
Conhecida como a “Meca” do Jiu-Jitsu, por ter
concentrado praticamente toda a Família Gracie. Os grandes nomes da família
Gracie depois de Hélio foram: Carlson e Rolls Gracie. Atualmente Rickson Gracie
é reconhecido como o melhor lutador do mundo! A primeira organização do Brasil,
foi a fundação da Federação Carioca, formada por Hélio e continuada por Robson
Gracie. Atualmente existe a Confederação Brasileira e Mundial, comandadas por
Carlos Gracie Júnior.
Existem inúmeros professores que não pertencem a
família Gracie e executam extraordinário trabalho como, Equipe Nova União,
Alliance, Dojô, Bustamante na Zona Oeste e Norte e Irmão Souza Team, na baixada
fluminense, sendo o Shihan Gustavo Souza (7º Dan) o faixa-preta mais graduado
daquela região e seu mais proeminente professor.
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